Artigos | Postado no dia: 4 setembro, 2025

O que muda no setor de serviços com a reforma tributária?

A Reforma Tributária é considerada a maior mudança no sistema de impostos em décadas. Seu objetivo principal é simplificar a arrecadação, reduzir distorções e criar um ambiente mais previsível para empresas e consumidores.

No entanto, quando falamos em reforma tributária no setor de serviços, os reflexos também são grandes.

Isso porque os prestadores de serviços sempre tiveram particularidades na forma de pagar tributos. A estrutura de custos baseada em mão de obra, somada à dificuldade de aproveitamento de créditos tributários, torna esse segmento mais sensível a mudanças nas regras de arrecadação.

É exatamente por isso que entender o que muda no setor de serviços com a Reforma Tributária é fundamental para qualquer empresário ou profissional liberal.

Neste artigo, você vai descobrir os principais pontos da reforma, os impactos reais para diferentes atividades e como se preparar estrategicamente para essa nova era.

Siga a leitura!

1. Por que a reforma tributária mexe tanto com os serviços?

A tributação no Brasil sempre tratou indústria, comércio e serviços de forma diferente. Enquanto setores industriais conseguiam abater parte dos impostos por meio de créditos relacionados a insumos e matérias-primas, o setor de serviços raramente teve essa vantagem.

Isso criou uma sensação de desequilíbrio: enquanto produtos podiam ter impostos compensados, serviços acabavam arcando com uma carga efetiva mais pesada.

Com a Reforma Tributária, o modelo muda. A ideia é que todos os setores passem a conviver com a mesma estrutura: o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que unifica tributos e cria uma lógica de tributação padronizada.

Essa uniformização, na prática, atinge diretamente os serviços, pois reduz a diferença de tratamento em relação à indústria e ao comércio.

Assim, se de um lado há a promessa de simplificação, de outro existe o temor de aumento de custos para profissionais que não possuem muitos insumos a creditar.

2. O novo IVA e sua lógica para empresas de serviços

O coração da reforma está no IVA, um modelo amplamente utilizado em outros países.

Ele surge no Brasil a partir da união da CBS (federal) e do IBS (estadual e municipal). Em vez de dezenas de legislações diferentes, passaremos a ter regras unificadas, o que deve reduzir a burocracia.

Mas o que isso significa para os serviços? Em termos práticos, os prestadores passam a estar dentro de uma estrutura que permite compensar créditos tributários em todas as etapas.

Uma agência de marketing, por exemplo, poderá abater do imposto devido os valores já pagos em serviços de design, softwares contratados ou consultorias.

Ainda assim, o aproveitamento desses créditos será limitado em setores onde a folha de pagamento é o principal custo. Profissões liberais, como advogados e engenheiros, terão algum benefício, mas não na mesma proporção de empresas que dependem de cadeias longas de fornecedores.

3. Carga tributária: aumento, redução ou redistribuição?

Um dos pontos mais debatidos é a nova alíquota.

O governo estima que o IVA terá uma taxa de referência em torno de 28%, que poderá cair para 26,5% até 2031. Isso gerou preocupação, especialmente no setor de serviços, que vê nesse número um risco de aumento da carga tributária efetiva.

No entanto, a questão não é apenas pagar mais ou menos, mas sim como os custos serão redistribuídos entre os setores.

Serviços básicos, como saúde e educação, terão alíquotas reduzidas. Já atividades como tecnologia, marketing e estética não receberam benefícios, devendo pagar a alíquota cheia.

Na prática, algumas empresas podem até sentir uma redução de carga, especialmente aquelas que antes sofriam com a cumulatividade de impostos. Outras, no entanto, enfrentarão um impacto negativo direto.

É por isso que a reforma tributária no setor de serviços precisa ser analisada caso a caso.

4. Consultorias e profissionais liberais

Profissões regulamentadas como advogados, arquitetos, engenheiros e consultores contarão com redução de 30% na alíquota padrão, resultando em uma alíquota efetiva de 19,6%. Apesar de mais alta que o ISS atual, a não cumulatividade pode equilibrar a carga em empresas com estrutura de custos robusta.

5. Educação e saúde

Esses setores terão redução de 60%, com alíquota efetiva de 11,2%. Serviços como escolas, universidades, hospitais, clínicas e atendimentos médicos serão enquadrados nesse regime favorecido, o que suaviza o impacto da transição.

6. O Simples Nacional

Empresas no Simples Nacional não serão afetadas diretamente pela nova alíquota do IVA, mantendo a sistemática simplificada de recolhimento de tributos.

No entanto, a Reforma Tributária introduziu uma inovação relevante: a possibilidade de o contribuinte optar, de forma facultativa, pelo regime regular de apuração da CBS e do IBS.

Essa escolha permite que empresas do Simples aproveitem créditos nas aquisições e também gerem créditos para seus clientes que estejam no regime normal, o que pode representar um diferencial competitivo em algumas cadeias de valor.

Assim, prestadores enquadrados no Simples poderão sentir os efeitos da mudança no ambiente de negócios. Isso porque clientes maiores, sujeitos ao IVA, podem priorizar fornecedores que gerem créditos fiscais, o que pressiona os optantes pelo Simples a reavaliar sua estratégia tributária e comercial.

7. Oportunidades escondidas na Reforma Tributária

Apesar das críticas, a Reforma Tributária no setor de serviços também abre portas. A padronização das regras elimina boa parte da complexidade burocrática que sempre atrapalhou empresários. Isso significa menos tempo com cálculos tributários e mais tempo para focar no negócio.

Além disso, a possibilidade de usar créditos tributários em serviços contratados pode estimular investimentos em tecnologia, treinamento e inovação. Uma empresa de consultoria, por exemplo, que invista em softwares avançados poderá abater parte desse custo em tributos.

Outra oportunidade está na renegociação de contratos.

A reforma cria um ambiente em que rever preços e condições com clientes será inevitável. Quem souber conduzir esse processo com transparência poderá transformar uma obrigação em estratégia comercial.

8. Tenha atenção na adaptação

Nem tudo são boas notícias. A adaptação exigirá investimento em contabilidade consultiva, já que a gestão tributária se tornará mais estratégica do que nunca. Não basta apenas calcular impostos: será preciso planejar cenários, analisar créditos e projetar margens.

Outro desafio é o fluxo de caixa. Durante os anos de transição, algumas empresas poderão enfrentar variações de carga tributária, exigindo reservas financeiras para evitar desequilíbrios.

Por fim, há o risco de decisões precipitadas. Migrar de regime sem avaliar o impacto total pode comprometer a saúde financeira da empresa. Lembre-se: cada caso é único, e não existe fórmula única para todos.

Fique atento!

FAQ – Perguntas frequentes sobre a Reforma Tributária no setor de serviços

  1. A Reforma Tributária aumenta impostos para todos os serviços?
    Não. Algumas atividades terão alíquotas reduzidas, como saúde e educação. Outras, como tecnologia e estética, pagarão a alíquota cheia.
  2. O que muda para quem está no Simples Nacional?
    As alíquotas permanecem as mesmas, mas surge a opção do Simples Híbrido, que pode aumentar a carga em troca de maior competitividade.
  3. Profissionais liberais vão pagar menos imposto?
    Sim, em parte. Profissões regulamentadas, como advogados e engenheiros, terão alíquota reduzida em 30%.
  4. Empresas de tecnologia terão benefício?
    Não. Esse setor permanece com a alíquota cheia, sem reduções previstas.
  5. Quando as mudanças começam a valer?
    A transição será gradual entre 2026 e 2032, permitindo que empresas se adaptem ao novo modelo tributário.

Conclusão

A Reforma Tributária no setor de serviços é um divisor de águas. Mais do que simplificar o sistema, ela redistribui encargos, altera a competitividade entre segmentos e exige uma postura mais estratégica das empresas.

Entender o que muda no setor de serviços com a Reforma Tributária é fundamental para se manter competitivo. Algumas atividades serão beneficiadas, outras terão mais custos, mas todas precisarão rever sua forma de atuar.

Apenas uma análise personalizada pode mostrar qual regime, estratégia ou transição é mais adequada para cada empresa.

O futuro tributário brasileiro está em transformação, e quem se preparar agora terá vantagens quando as mudanças entrarem em vigor.

A finalidade desse artigo é meramente informativa. Recomenda-se a consulta a um advogado habilitado para orientação específica conforme sua situação. Dúvidas? Entre em contato conosco! Será um prazer orientá-lo.